Grupo que acampava no local desde o dia 21 foi retirado na terça-feira (2).
Cerca de 400 manifestantes retornaram ao local nesta quinta.
Manifestantes distribuem guardanapos para lembrar jantar de
Cabral com Cavendish em Paris
(Foto: Luís Bulcão/G1)
Cerca de 400 manifestantes faziam um protesto, na noite desta quinta-feira (4), na Rua Aristides Espínola, no Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde mora o governador Sérgio Cabral. Na madrugada de terça-feira (2), um grupo de manifestantes que acampava no local desde a sexta-feira, 21 de junho, foi retirado pela Polícia Militar. Segundo eles, os policiais agiram com violência durante a ação.
Integrante do grupo "Ocupa Cabral", Cazu Barros, de 40 anos, afirmou que os manifestantes já têm pauta concreta para discutir com o governo. "Nós temos a pauta, mas queremos nos reunir com o governador na presença da imprensa e não em salas fechadas", disse o manifestante, que é portador do vírus HIV e também protesta contra a falta de recursos destinados ao tratamento da Aids.
Donos de uma empresa que presta serviços de consultoria, Carlos Emygdio, de 55 anos, e Mauro Macedo, de 56, decidiram participar do protesto pedindo, entre outras reivindicações, que os lucros das empresas de ônibus sejam divulgados para a população. "Queremos saber quem são os donos das empresas de ônibus, quanto lucram. Pagamos impostos até não poder mais", disse Mauro.
Os dois encenaram o episódio que ficou conhecido como a "farra dos guardanapos", em que Cabral; o empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta Cosntruções; e os secretários de Saúde, Sergio Côrtes; e de Governo, Wilson Carlos, foram flagrados em uma viagem a Paris. Para Mauro e Carlos o caso não pode cair no esquecimento.
Por volta das 20h15, os manifestantes identificaram um rapaz que protestava carregando um megafone, mas, segundo o grupo, ele seria Eduardo Oliveira, e seria infiltrado pelo governo. Ele foi cercado e quase agredido, mas um PM o puxou pela camiseta e o retirou da multidão.
A Avenida Delfim Moreira foi fechada nos dois sentidos às 20h45. A pista sentido Copacabana foi interditada por um grupo de manifestantes. Às 21h10, o Centro de Operações informou que a Avenida Niemeyer também estava interditada, no sentido Leblon.
Por volta das 17h, PMs cercavam o quarteirão onde
mora o governador (Foto: Luís Bulcão/G1)
O governador do Rio, Sérgio Cabral, comentou, na manhã desta quinta-feira (4), durante coletiva realizada no Palácio Laranjeiras, as manifestações que aconteceram na porta do prédio onde mora, no Leblon.
“Manifestação deve ser sempre respeitada. Mas acampar em uma rua, nem na Delfim Moreira, nem na Irineu Marinho, nem na Riachuelo, nem na Avenida Copacabana, nem na Avenida Brasil, nem na Dias da Cruz, em lugar nenhum você pode tolerar. Eu tenho ficado em casa, mas é claro que há sempre uma preocupação de meus filhos. Eu lamento porque manifestação ao governador deve ser feita na porta do Palácio. Mas não sou eu quem tem que julgar onde manifestante deve manifestar”, disse.
Grupo segura imagem de Cabral de cabeça para
baixo (Foto: Luís Bulcão/G1)
“Graças a Deus vivemos em um país livre, estamos fazendo 25 anos de democracia. A democracia é muito jovem e recente. Todas as manifestações são um momento de reflexão sobre a democracia, sempre olhando pra frente. A maioria foi para rua para pedir melhorias de serviços públicos e combate a impunidade. Não toleramos nenhum tipo de abuso. Qualquer abuso será investigado.”
Ajuda de vizinhos
Os manifestantes afirmaram, na terça-feira (2), que, no primeiro protesto, estavam sendo bem recebidos pelos vizinhos de Cabral, que lhes traziam alimentos e davam apoio ao grupo. Eles também relatam o bom convívio com os policiais que faziam a guarda do local, dizendo que havia gentileza entre eles e que a ação de remoção foi feita por um outro grupo de PMs.
Remoção
O grupo se sentiu traído pela equipe de negociação do governador. Segundo eles, o secretário Eetadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, havia garantido ao grupo que não haveria remoção. “Perguntei sobre a remoção. Ele (Zaqueu) falou que não (ocorreria) e o assessor dele completou, dizendo que se fosse para ser removido, já teria acontecido”, disse Bárbara Gracie, de 25 anos, poeta e atriz, integrante do grupo que acampava no local.
Apesar dos pedidos do grupo para que a reunião entre o Estado e os representantes do movimento fosse aberta à imprensa, o governo, de acordo com os manifestantes, exigiu que o encontro fosse a portas fechadas. As exigências do governo, segundo os integrantes do grupo, dificultaram a negociação.
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