terça-feira, 16 de agosto de 2011

Polícia indicia dona do parque e seu filho por homicídio doloso

Não sou assassina, disse proprietária do local do acidente


Severino Silva / Ag. O Dia
enterrojovem
Adriana Barreto da Silva, perdeu a filha Alessandra, de 17 anos, em acidente em parque; "quero eles atrás das grades"
A dona do parque de diversões Glória Center, Maria Glória Pinto, e seu filho Leandro Pinto Ribeiro foram indiciados por homicídio doloso, quando há intenção de matar, pelas mortes de dois adolescentes no acidente no parque no último domingo (14), e lesão corporal aos feridos. De acordo com a delegada-titular da 42ª Delegacia de Polícia, no Recreio, Adriana Belém, quando a confirmação da segunda morte chegar à delegacia - Vítor Alcântara de Oliveira morreu nesta terça-feira (16) - a dupla será oficialmente indiciada por duplo homicídio.
- Eles se recusaram a colaborar, mas já estão indiciados por homicídio doloso e lesão corporal. E assim que for confirmada oficialmente a segunda morte por duplo homicídio.
O engenheiro Luis Soares Santiago, o produtor de eventos e a presidente da associação de moradores foram indiciados por falsidade ideológica.
Maria Glória e seu filho chegaram à delegacia por volta das 14h30 desta terça. Pouco antes, chegaram à delegacia os pais da menina Alessandra da Silva Aguilar, morta no acidente. Ela foi atingida pelo carrinho do brinquedo, que se soltou da estrutura.
"Perseguida" por repórteres e fotógrafos, Maria Glória falou pouco. Visivelmente transtornada, ela desabafou aos berros.

- Eu não matei ninguém. Não sou uma assassina. Acidentes acontecem.

A dona do parque, disse, aos gritos, ter um projeto social que atende a milhares de crianças. Ela ainda pediu apoio a amigos da Pavuna, na zona norte, e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

- Eu já fiz muita criança sorrir. Eu não sou uma pessoa ruim. Me ajudem, povo de Caxias e da Pavuna.

Engenheiro e organizadores indiciados
O engenheiro que assinou o laudo para funcionamento do parque, Luiz Soares, os três homens que organizaram o e uma representante da Associação de Moradores de Vargem Grande foram indiciados por falsidade ideológica.
De acordo com a delegada, este crime pode se configurar quando pessoas omitem determinadas informações para a organização de um evento, que é o caso dos organizadores, ou assinam uma declaração sem checar as condições do local vistoriado, caso do engenheiro.
Família
Muito emocionada,Adriana Barreto da Silva, de 40 anos, mãe de Alessandra da Silva Aguilar, morta no acidente em um parque de diversões em Vargem Grande, na zona oeste do Rio no último domingo (14), prestou depoimento na tarde desta terça-feira (16) na 42ª Delegacia de Polícia, no Recreio, que investiga o caso.
Adriana disse que ficará satisfeita quando os responsáveis pelo parque forem presos. Ela atribui a responsabilidade da tragédia à Maria Glória e ao engenheiro Luis Soares Santiago, que deu um laudo de funcionamento do local.
- Só vou ficar satisfeita quando ele e ela [dona e engenheiro] estiverem atrás das grades. Como que alguém assina um laudo sem ver o local. Perdi minha filha, ninguém vai trazer meu bebê de volta.

Na segunda, sete pessoas depuseram sobre o caso: duas vítimas; o engenheiro, que autorizou o funcionamento do parque; três organizadores do evento e o operador do brinquedo que quebrou e causou a morte de Alessandra.
O Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro) informou nesta terça-feira que, caso seja constatada negligência do engenheiro, ele poderá responder na Comissão de Ética do órgão e sofrer penalidades que vão desde advertência até perda do registro profissional. Santiago ainda poderá ser indiciado por falsidade ideológica, segundo a delegada Adriana Belém, titular da 42ª DP. Ela informou ainda que os organizadores do evento também podem responder por este crime.
Além disso, a dona do parque e seu filho devem ser indiciados por homicídio doloso, quando há intenção de matar. O operador do brinquedo envolvido no incidente também corre o risco de responder pelo mesmo crime, uma vez que teria acatado ordens de colocar no brinquedo mais passageiros do que o autorizado.
Denúncias sobre irregularidades em parques
De acordo com o Crea-RJ, existem várias denúncias tramitando na Comissão de Ética, mas, segundo o órgão, o número e o nome dos responsáveis não podem ser divulgados.
Para fazer uma denúncia, os frequentadores de parques podem entrar em contato com a ouvidoria do Crea-RJ através do site www.crea-rj.org.br, pelos telefones 0xx21 2179-2011 e 2179-2012, ou enviando correspondência para rua Buenos Aires, número 40, Centro, Rio de Janeiro – RJ. O CEP é 20070-022, ou ainda através de atendimento pessoal na sala da ouvidoria, de segunda a sexta-feira, de 9h30 às 17h30, exceto feriados.
Crea-RJ encontra irregularidades
Representantes do Crea-RJ estiveram no local na última segunda-feira e constataram irregularidades mecânicas e de segurança nos equipamentos e instalações elétricas.
O órgão informou que não fiscaliza nem analisa os laudos, pois os profissionais têm autonomia para emitir o documento. O Crea-RJ esclareceu que sua atribuição exclusiva é fiscalizar e orientar o exercício profissional e os desvios de conduta desses profissionais.

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