Em outubro de 2011, Ivo foi indiciado pelo crime de associação para o tráfico de drogas no Morro da Mangueira, zona norte do Rio
Da Reportagem
O Ministério Público do Rio (MP-RJ) pediu na terça-feira (19) à Justiça
a quebra do sigilo bancário do presidente da Estação Primeira de
Mangueira, Ivo Rene Meirelles, no período entre abril de 2009 - um mês
antes da posse dele no cargo - até dezembro de 2012. O MP também
requereu as declarações de imposto de renda do músico, bem como a quebra
do sigilo bancário da escola de samba. Em outubro de 2011, Ivo foi
indiciado no inquérito 017/1045/2011, da 17ª Delegacia de Polícia (São
Cristóvão), pelo crime de associação para o tráfico de drogas no Morro
da Mangueira, zona norte.
O inquérito foi instaurado em março daquele ano, após a Ouvidoria do
MP-RJ receber uma denúncia anônima de que Meirelles teria sido imposto
na presidência da Mangueira pelos traficantes Alexander Mendes da Silva,
o Polegar, que está preso, e Vinicius de Lima Pereira, o Chevette. Em
troca, Meirelles pagaria R$ 150 mil mensais ao tráfico - o dinheiro
seria desviado da escola de samba.
Após o indiciamento pela Polícia Civil, o inquérito foi remetido ao MP,
que requereu novas investigações. Em novembro de 2012, o MP solicitou
ao juízo da 39ª Vara Criminal a quebra do sigilo fiscal de Meirelles e
da Mangueira. No início deste mês, o Banco Central informou ao MP-RJ que
em nome de Meirelles há 6 contas correntes. Já a escola de samba possui
54 contas.
Caso a Justiça concorde com a quebra do sigilo bancário de Meirelles e
da escola de samba, o MP-RJ vai procurar alguma transação financeira que
comprove a suposta ligação do músico com os traficantes da Mangueira.
Em depoimento, Meirelles admitiu que conhece Polegar e seu tio
Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, que já cumpriu pena pela
acusação de ter chefiado o tráfico na Mangueira. O músico alegou que os
conhece de infância, já que todos são nascidos e criados na favela.
Meirelles negou conhecer o traficante Lucio Mauro Carneiro dos Passos,o
Biscoito, apesar de aparecer numa foto, anexada ao inquérito, bebendo
cerveja com ele e Tuchinha. A foto foi publicada na terça-feira pelo
jornal "Extra". Biscoito está preso.
"Ivo não nega que conhece Tuchinha desde a infância. Naquela ocasião,
eles estavam numa churrascaria, que é um local público, celebrando a
saída de Tuchinha da cadeia depois de 16 anos e a sua decisão de não
retornar ao tráfico. E não vão achar nada na quebra de sigilo dele:
apenas a movimentação do dinheiro que ele ganha como músico", afirmou o
advogado de Meirelles, Sergio Riera.
Comércio fechado
Pelo segundo dia consecutivo, o comércio no Morro da Mangueira
permaneceu fechado na terça-feira por ordem do tráfico. O luto foi
imposto após o traficante Acir Ronaldo Monteiro da Silva, o 2K, ter sido
assassinado, na noite de domingo, na zona oeste. Outros dois homens
ligados à escola de samba foram executados na madrugada de segunda. A
polícia ainda investiga se os crimes estão relacionados à eleição para a
presidência da Mangueira.
O traficante 2K foi acusado por Ivo Meirelles de ter invadido a quadra
da Mangueira durante a eleição para a presidência da agremiação, em
março do ano passado. O pleito foi parar na Justiça, que marcou a data
da votação para o 28 de abril.
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