Ex-funcionário é apontado como autor de ameaças contra Jorge Selarón
Felipe de Oliveira, do R7
A Delegacia de Homicídios deve intimar Paulo Sérgio Rabello, ex-funcionário do artista plástico chileno Jorge Selarón encontrado morto na rua Manoel Carneiro, número 24, em Santa Teresa, bairro próximo à Lapa. O ceramista ficou conhecido pelo trabalho de azulejos coloridos em escadaria da Lapa. Rabello é suspeito de ameaçar Selarón. Funcionários falaram ao R7 que o suspeito pressionava por rendimentos sobre os bens do artista plástico em testamento.
Jorge Selarón fez registro sobre ameaça e dano na 7ª DP em novembro passado. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, Rabello compareceu à delegacia, mas se reservou ao direito de falar em juízo. O processo corre no Juizado Especial Criminal.
O secretário de Selarón afirmou na tarde desta quinta-feira (10) que já foi agredido por Rabello. Segundo o argentino Carlos Agostin Gomes, o ex-funcionário já teria invadido o ateliê e quebrado várias obras.
— Nunca vi o cara agredindo ele, mas já entrou lá e quebrou várias coisas. No dia 22 de dezembro, entrei no ateliê e Selarón estava sentado chorando e o ex-funcionário estava gritando com ele. Quando me viu, pegou um canivete e tentou me agredir.
Ainda de acordo com Gomes, o suposto agressor em outra ocasião tentou espancá-lo com um pedaço de madeira.
— Alguns dias depois, estava descendo as escadas e ele estava com um pedaço de madeira e partiu pra cima de mim.
Para o secretário, a notícia da morte de Selarón foi uma tragédia. Ele diz crer que não teria suportado a pressão psicológica durante as ameaças.
— Estava dormindo, quando o telefone tocou. Me avisaram que tinha um corpo na escada. Quando cheguei e vi, descobri que era ele. Ele não suportou e aconteceu isso.
Um funcionário de Jorge Selarón disse que o pintor apresentava sinais de depressão. Valteres Pereira Gomes é pedreiro e trabalhava no ateliê de Selarón.
— Ele estava muito caidinho. Estava muito triste. Já falava há alguns meses em se matar. Dava para ver que estava em depressão, antes ele ia para praia, andava de bicicleta, e depois que as ameaças começaram, ele quase não saía de casa. Parecia que estava em pânico.
Novo projeto: portal na escada
Ainda segundo o ajudante de Selarón, atualmente ele tinha projetos de realizar novas criações, entre elas, um portal ao final da escada.
— Ele tinha o sonho de fazer um portal no final da escada e colocar outras coisas. Ele também queria ser reconhecido por sua pintura, mas após as ameaças não conseguiu.
Para Marcelo Esteves, que é guia turístico e frequenta Santa Teresa há anos, a morte de Selarón foi algo premeditado.
— Ele não estava mais aguentando essa situação. Então resolveu por um fim nisso. Quis fazer algo diferente e se matou.
O corpo do pintor e ceramista estava com queimaduras. Ao lado, foram encontrados dois frascos de solvente e um isqueiro. Policiais da DH (Divisão de Homicídios) foram ao local, mas não deram informações sobre a investigação. A polícia ouvia vizinhos e colegas de trabalho do artista plástico nesta tarde.
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