Chefe do Setor de Investigação da 4ª DP embolsava R$ 16 mil por mês
Do R7
A chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Martha Rocha, afastou o delegado titular da Delegacia da Praça da República (4ª DP), Henrique Pessoa, nesta quarta-feira (29). De acordo com a Polícia Civil, a decisão foi tomada como "critério administrativo" após a operação Catedral, deflagrada pela manhã, que levou a prisão do chefe do Grupo de Investigações Criminais da 4ª DP.
As investigações da operação Catedral,realizada pela Subsecretaria de Inteligência da Seseg (Secretaria Estadual de Segurança Pública), apontam que policiais civis e militares recebiam propina para "fazer vista grossa" ao jogo do bicho no centro e em partes de São Cristóvão, na zona norte do Rio. O valor pago aos agentes respeitava a hierarquia dos cargos ocupados nas duas corporações. Um policial da UPP do Morro da Providência recebia R$ 75 por semana e o chefe do Setor de Investigação da 4ª DP embolsava R$ 16 mil por mês.
Até as 13h, 18 suspeitos de envolvimento no esquema foram presos, entre eles seis policiais e um ex-policial civil. Foram apreendidos duas armas, joias, computadores e uma quantia em dinheiro ainda não contabilizada. A operação Catedral tinha o objetivo de cumprir 24 mandados de prisão e 30 de busca e apreensão.
Entre os presos estão Evandro Machado dos Santos, conhecido como Bedeu, e seu filho Alessandro Ferreira dos Santos, apontados pela polícia como contraventores e chefes da organização criminosa. Eles moravam no mesmo condomínio de luxo, no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste, onde vivia o ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes de Souza, preso pela morte da modelo Eliza Samudio.
Também foram presos o chefe do Setor de Inteligência da 4ª DP, Weber Santos de Oliveira, o chefe do Serviço Reservado do Batalhão da Praça da Harmonia (5º BPM), Anderson Luiz de Souza, que recebia R$ 9.400 por mês, o PM da UPP da Providência Marcos Aurélio das Chagas, que recebia R$ 150 por semana, o policial civil aposentado Alan Cardeque Manoel, os PMs Ivanir de Moraes Maranhão, Renato Ferreira Angelic, e o ex-policial civil Aloisio Russo Junior.
Os PMs presos serão levados para o Bepe (Batalhão Especial Prisional), os policiais civis para o presídio Bangu 8 e os outros para Bangu 1, na zona oeste.
Entenda a operação Catedral
A operação Catedral é resultado de sete meses de investigação da Subsecretaria de Inteligência da Seseg e conta com apoio da DRACO-IE (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais), da 1ª Central de Inquéritos do Ministério Público, das corregedorias das polícias Civil e Militar e da CGU (Corregedoria Geral Unificada) da Seseg.
Entre os locais investigados está a Central de Apuração de Resultados do Jogo do Bicho, que fica na rua Senador Dantas, no centro do Rio. Os presos foram indiciados e denunciados por exploração do jogo do bicho, formação de quadrilha armada, corrupção ativa e passiva e violação de sigilo funcional.
Máfia da contravenção manda no centro
De acordo com as investigações, o grupo comandado pelo contraventor Bedeu detinha o domínio do jogo do bicho em grande parte do centro (Central, ruas Uruguaiana e Rosário e Largo da Carioca) e de São Cristóvão, comprovando a divisão territorial existente entre os diversos grupos integrantes da chamada “máfia da contravenção” na cidade do Rio de Janeiro.
As investigações comprovaram que a atividade criminosa desenvolvida contava com uma complexa rede de integrantes com uma estrutura de divisão de tarefas muito bem montada. Funcionando como uma empresa do crime, a organização tinha divisões financeira e administrativa, além de assessoria jurídica externa.
Com um faturamento mensal em torno de R$ 170 mil, a organização criminosa fazia pagamentos de cerca de R$ 30 mil em propinas para os policiais civis e militares envolvidos.
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