quinta-feira, 9 de junho de 2011

Nova associação causa racha no movimento dos bombeiros

Líderes da revolta criticam Frente Unificada e acusam companheiros de traição


A greve dos bombeiros ganhou uma nova reviravolta. Agora, duas correntes lutam por um lugar na mesa de negociações para pressionar as autoridades. De um lado, a Frente Unificada de Classe da Segurança Pública. Criada na quarta-feira, a associação pede um piso salarial de R$ 2900 para bombeiros e policiais militares. Do outro, os bombeiros líderes do movimento que acampam na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e protestam pelas ruas desde abril.
Para a liderança do movimento original, a Frente Unificada traiu os bombeiros porque tentou iniciar negociações com o governador Sérgio Cabral sem pedir a libertação dos companheiros presos. Enquanto os dois lados não se entendem, uma nova reunião com autoridades está marcada para esta sexta-feira, na Alerj. A expectativa é a de que os dois grupos se encontrem, gerando certo desconforto.
"As outras associações foram afoitas ao apresentarem-se para negociar. Foi uma traição aos colegas presos. Só voltaremos a negociar quando os bombeiros estiverem de novo em liberdade. Eles são traidores", ressaltou Miguel Cordeiro, presidente Associação dos Ativos, Inativos e Pensionistas das Polícias e Bombeiros (Assinap).
O capitão Lauro Botto, um dos líderes do movimento original, disse que ficou sabendo da existência da Frente Unificada apenas pela imprensa.
"Toda ajuda, desde que honesta, é bem vinda, mas ninguém está apto a negociar em nome do nosso movimento. Ficamos sabendo através da imprensa. As nossas reivindicações trabalhistas estão bastante claras", diz Botto. "Mas isto ficou em segundo plano, a partir do momento em que os nossos companheiros foram presos. Agora, todo e qualquer entendimento girará em torno deste tema", disse Botto, que foi preso no começo do ano por ter enviado um SMS para o Secretário de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Cortes.
Membro da Frente Unificada, Wanderlei Ribeiro acha as críticas dos líderes do movimento exageradas. Para ele, há fortes motivações políticas por trás do protesto. Bombeiro, Wanderlei é presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.
"Estamos aqui para somar, não para brigar. Alguns políticos estão se aproveitando para fazer nome em cima da manifestação dos bombeiros. A mulher do cabo Daciolo, que comanda o movimento, está sendo manipulada por algum político", atacou Wanderlei. "Nenhuma categoria em protesto desprezaria o apoio de uma entidade de classe. Os bombeiros estão criando uma situação de isolamento para eles mesmos com essa recusa".

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